Feb 27, 2009

Citroen AX e a Grande Muralha - 雪铁龙与长城

Esta tarde lembrei-me de repente numa publicidade que me impressionou quando eu era mais novo, em França (uma entre muitas). Fui então ao YouTube e encontrei-a!

Trata-se de uma publicidade dos anos 80 (segundo sites chineses de 1987) da Citroen AX filmada nada mais, nada menos na Grande Muralha da China!



Ao que pude apurar, esta campanha publicitária terá (uma vez ultrapassado os diversos problemas com as autoridades e o Governo Central para obter a autorização de tal filmagem) custado bastante financeiramente. Parece que, o troço da muralha que na época tinha já sido restaurado (destinada ao turismo) era demasiada curto para o que pretendia a agência publicitária. Assim sendo, em troca, a Citroen terá financiado a restauração de um troço suplementar da muralha (esta informação carece ser confirmada) bem como o pagamento de outros (inúmeros) encargos.

Os problemas foram de diversas ordens, nomeadamente, simbólicos. De facto, Citroen em chinês é "雪铁龙", Xue Tielong que significa literalmente Neve, Ferro e Dragão. Ou seja, a Citroen seria um dragão de ferro. A Grande Muralha é ela também considerada um dragão (um dragão de fogo, creio eu), pelo que um dragão de ferro nunca poderia andar às costas ou às cavalitas de um dragão de fogo...

Mas mesmo assim, no fim, as filmagens foram autorizadas.
No entanto, algumas cenas poderão ter sido filmadas em França mais precisamente em Boulogne-Billancourt (uma comuna francesa), departamento de Hauts-de-Seine.

Bem, de qualquer maneira fazer algo desta natureza e envergadura na China e com um edifício classificado como Património Mundial da UNESCO (nesse preciso ano! 1987) seria hoje algo, se não impossível, muito contestado e polémico! E com toda a razão, diga-se de passagem.

Enfim, fora isso e o estereótipo dos dois chineses no fim, não deixa de ser interessante, não acham?

Feb 26, 2009

Petição Online: salvemos as instalações da Livraria Portuguesa em Macau - 请愿: 澳门的老书店葡文书局

Para: Presidência da República Portuguesa, Presidente da Assembleia da República Portuguesa, Primeiro Ministro de Portugal, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Ministro da Cultura de Portugal, Grupo Parlamentar do PS, Grupo Parlamentar do PSD, Grupo Parlamentar do PCP, Grupo Parlamentar do PP, Grupo Parlamentar do BE, Grupo Parlamentar do PEV

Pretende o IPOR, instituição detida em 51% pelo Estado Português através do Instituto Camões, vender a fracção autónoma constituída por cave, loja e sobreloja, sita numa das ruas mais centrais e de maior movimento da cidade, na continuação do Largo do Senado, que adquiriu à Administração Portuguesa de Macau pela irrisória quantia de cerca de 900,000.00 patacas para nela instalar a Livraria Portuguesa bem como uma Galeria que ao longo dos anos foi utilizada para exposições, conferências, colóquios, apresentações de livros, etc.

A venda preconizada e defendida pela Fundação Oriente permite uma receita de uns cinquenta e tal milhões de patacas, mas priva a comunidade de língua portuguesa, e não somente os portugueses, de um espaço essencial, único, cuja propriedade ainda é de uma instituição portuguesa e, maioritariamente, do Estado Português.

Em troca, o IPOR pretende entregar, novamente sem concurso, a exploração da Livraria a outro particular, instalando-a, eventualmente, num prédio estreito sem condições nem dignidade e distribuída por quatro andares sem elevador, numa zona menor da cidade, e servindo-se disso para argumentar que não está em causa a continuidade da Livraria Portuguesa. O que não é verdade!

Há ainda a considerar que ao deixar de dispor de instalações próprias para passar a operar em instalações arrendadas, fica assim sujeita à incerteza das flutuações do mercado imobiliário, nomeadamente ao aumento de rendas e eventual cessão do contrato.

As entidades que tinham a seu cargo a dinamização da presença cultural portuguesa - o IPOR e a Fundação Oriente - foram deixando de promover quaisquer actividades em Macau, justificando tal com dificuldades de índole financeira.

A Casa de Portugal em Macau, que tem vindo a desdobrar-se em iniciativas que vão desde a organização de exposições, debates, ciclos de cinema, abertura de oficinas para o ensino de artes, informática, audiovisual, etc, procurando preencher o vazio deixado por essas instituições e manter a presença da nossa cultura, parte indissociável da identidade de Macau que a República Popular da China tem mostrado prezar, não pode assistir sem uma profunda revolta a esta visão redutora e economicista das entidades que mais obrigação tinham de zelar pela nossa cultura e pela nossa língua.

Assim, apelamos a todos os amigos de Macau, da Cultura e da Língua Portuguesa que juntem a sua à nossa voz, para que um protesto sonoro chegue a Lisboa a tempo de travar este atentado à presença e cultura lusófona em Macau!



Apesar de me encontrar na China, continuo muito ligado à Macau.
Aquilo que o IPOR pretende fazer com a Livraria Portuguesa é vergonhoso (no mínimo).

Se ainda não assinou a petição e pretende fazê-lo, aqui tem o link: http://www.petitiononline.com/cpmlivpt/

Feb 25, 2009

Primavera, onde estás? 春天,你在哪里?









A Primavera ficou retida nalgum lugar do globo.
Aqui em Nanjing está muito frio, chove praticamente todos os dias e parece mesmo que vá nevar nos próximos dias!

Feb 23, 2009

Um estrangeiro na China - 外国人在中国

Situação a que ainda me é difícil acostumar é a de sermos, constantemente, chamados de "laowai" (老外) sempre que colocamos o pé fora de casa. Sejam crianças ou adultos; estudantes universitários ou trabalhadores migrantes a palavrinha sai imediatamente da boca.

Na internet o debate sobre o significado do termo é longo e as opiniões quanto às intenções dos que o utilizam são divergentes pelo que não vou aqui debater-me sobre o sentido da palavra. Vejam a título de exemplos alguns blogues e sites:
Sanpaworn: Lawai
http://sanpaworn.vissaventure.com/?id=123

The Kangaroo and the Dragon: Seven Ways to Say "Foreigner"
http://www.waze.net/china/laowai.php

People's Daily Online: Is "Laowai" a negative term?
http://english.peopledaily.com.cn/90001/90780/91345/6325229.html

Wikipedia: Laowai
http://en.wikipedia.org/wiki/Laowai

Beyond well being: The "Laowai", Racism and Personal Space in China
http://beyondwellbeing.com/al/1998/01/the_laowai_racism_and_personal.html

Muitos chineses conhecidos meus dir-me-ao que a designação perdeu a sua conotação incial, pejorativa sendo actualmente um coloquialismo, usada indiscriminadamente.
Acredito que sim, da mesma forma que também acredito que alguns deles (meus amigos) se sentem incomodados com essa realidade.

A verdade é que, pelo que me pude aperceber, uns utilizam-na para demonstrar espanto, outros desprezo e há também quem a utiliza de forma ingénua, inocente.
No fundo, não me sinto realmente ofendido mas, verdade seja dita, não gosto e cansa sermos sempre apontados do dedo, observados de forma descarada e denominados desta forma à toda a hora.

Enfim, sempre é melhor do que a designação utilizada em Macau "鬼佬" (Guilao) que literalmente significa demónio/espírito e tipo (no sentido popular de indivíduo; sujeito).

Uma pequena nota sobre a tradução da palavra "estrangeiro" no título deste artigo/post: "外国人" (wei guo ren) que significa à letra, pessoa de país estrangeiro, termo "mais em conta" que designa qualquer pessoa que não seja nativa da China.

Feb 22, 2009

Jaime do Inso


Quero iniciar este espaço com as observações do Capitão-Tenente Jaime do Inso, oficial português, marinheiro que passou por Macau e pela China. Este artigo foi publicado no meu blogue "Existir em Macau" em Maio de 2007.
Jaime do Inso, autor de uma extensa bibliografia de grande interesse, "O Caminho do Oriente", "Cenas da Vida de Macau", "Ecos de Macau", "Visões da China", entre outros.

Se as impressões deste senhor estão aqui transcritas, é por elas aproximarem-se muito daquilo que um apaixonado por Macau e pela China pode sentir: uma atracção cega, descontrolada por vezes, codificada, quase fatal, ambígua e cheia de contradições.

Então aqui vai...

"A China absorve-nos, narcotiza-nos, prende e domina, como regra geral, o nosso espírito, invade tudo, o raciocínio e o sentimento, como uma teia invisível que aperta, pouco a pouco, insensivelmente, que nos sufoca, esgota e cansa!

A China é traiçoeira e calma, insinua-se quanto mais se aborrece, deseja-se quando se odeia, aspira-se como uma necessidade, a China, que quase até nos mata!

A China é como uma feiticeira que tem sortilégios, é a cartomante terrível que parece escrever o nosso destino com letras invisíveis: há no seu ambiente um sopro de agoiro, uma agonia, uma tristeza, uma tortura, que se recebem sem custo e com prazer, como uma necessidade fatal da nossa existência.

A China é o mistério que ri e que dança na frente de nós, numa volúpia dolorosa do espírito duende, a China é a mensageira do desconhecido que perturba, enerva, envenena e vence.

A China é tudo isso e muito mais ainda que a minha pena não sabe descrever, a China não se define, só se respira e sente, como um veneno imprescindível a quem uma vez o provou.
(...)"

As suas bellíssimas e tão próximas da realidade, observações, não se ficam por aqui. Apenas transcrevi 5 dos 13 parágrafos...
Descrição publicada no diário de Macau "A Pátria" de 22 de Fevereiro de 1928.

Para quem quiser saber mais sobre este oficial da Armada, podem obter informações acedando ao site da Marinha Portuguesa:
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_set_out2005/pag_18.html

Criação do blogue "Existir na China" - 我的新博客

Caros amigos e colegas,

Após o fim do meu primeiro blogue "Existir em Macau" sobre a minha vivência em Macau (que muita saudade me deixa), decidi, na mesma linha criar este espaço, agora acerca das minhas experiências e impressões sobre a China continental onde me encontro actualmente.

Espero que este blogue suscite o vosso interesse da mesma forma que o anterior fez.

Para quem não conhece o meu 1º blogue e estiver interessado em dar uma espreitadela, aqui está o link: http://existiremmacau.blogspot.com

Obrigado!